O carnaval já está chegando e, para quem quer chegar preparado na avenida, é importante já começar a ouvir os sambas-enredo das escolas de samba.
Com 3 dias de desfiles do grupo especial, o carnaval do Rio de Janeiro deste ano será ainda maior!
Confira as letras dos sambas-enredo das escolas que fazem parte do Grupo Especial.
Acadêmicos do Grande Rio
O enredo de 2025 da escola Acadêmicos do Grande Rio é “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”.
Confira a letra do samba:
A Mina é cocoriô! Feitiçaria parauara A mesma lua da Turquia Na travessia foi encantada Maresia me guia sem medo Pro banho de cheiro Na “en-cruz-ilhada”, espuma do mar Fez a flor do mururé desabrochar Pororoca me leva… Pro fundo do igarapé Se desvia da flecha, não se escancha em puraqué Quem é de barro no igapó é Caruana Boto assovia (oi) mãe d’agua dança! Se a boiúna se agita… É banzeiro! Banzeiro! Quatro contas, um cocar! Salve a arara cantadeira! Borboleta à espreita… E a onça do Grão-Pará Na curimba de babaçuê Tem falange de ajuremados A macaia codoense é macumba de outro lado Venham ver as três princesas ‘baiando” no curimbó É doutrina de santo rodando no meu carimbó! E foi assim… Suas “espadas” têm as ervas da Jurema Novos destinos no mesmo poema E nos terreiros, perfume de patcholi Acende a brasa do defumador Pra um mestre batucar a sua fé Noite de festa! Curió marajoara… Protege Caxias nas águas de Nazaré! É força de caboclo, vodun e orixá! Meu povo faz a curva como faz na gira! Chama Jarina, Herondina e Mariana Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina!
Unidos do Padre Miguel
Para o carnaval do Rio de Janeiro de 2025, a escola irá levar o enredo “Egbé Iyá Nassô”.
Confira:
Awurê Obá kaô! Awurê Obá kaô! Vila Vintém é terra de macumbeiro! No meu Egbé governado por mulher Iyá Nassô é rainha do candomblé! Eiêô! Kaô kabesilê Babá Obá! Couraça de fogo no orô do velho ajapá A raça do povo do Alafin, e arde em mim Rubro ventre de Oyó Na escuridão nunca andarei só Vovó dizia: Sangue de preto é mais forte que a travessia! Saudade que invade! Foi maré em tempestade Sopra a ancestralidade no mar (ê rainha) Preceito é herança sem martírio Airá guarda seus filhos no ilê da Barroquinha É a semente que a fé germinou, Iyá Adetá O fruto que o axé cultivou, Iyá Akalá Yiá Nassô, ê Babá Assika Yiá Nassô, ê Babá Assika Vou voltar mainha, eu vou Vou voltar mainha, chore não Que lá na Bahia Xangô fez revolução Oxê, a defesa da alma na palma da mão No clã de Obatossi Há bravura de Oxóssi no meu panteão É d’Oxum o acalanto que guarda o otá Do velho engenho, xirê que mantenho no meu caminhar Toca o adarrum que meu orixá responde Olorum, guia o boi vermelho seja onde for Gira saia aiabá, traz as águas de Oxalá Justiça de Ogodô, tambor guerreiro firma o alujá
Estação Primeira da Mangueira
A Mangueira irá trazer o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”.
Sou luanda e benguela A dor que se rebela, morte e vida no oceano Resistência quilombola dos pretos novos de angola De cabinda, suburbano Tronco forte em ribanceira, flor da terra de mangueira Revel do santo cristo que condena Mistério das kalungas ancestrais Que o tempo revelou no cais E fez do rio minha áfrica pequena Ê, malungo, que bate tambor de congo Faz macumba, dança jongo, ginga na capoeira Ê, malungo, o samba estancou teu sangue De verde e rosa renasce a nação de zambi Bate folha pra benzer, pembelê, kaiango Guia meu camutuê, mãe preta ensinou Bate folha pra benzer, pembelê, kaiango Sob a cruz do seu altar inquice incorporou Forjado no arrepio da lei que me fez vadio Liberto na senzala social Malandro, arengueiro, marginal Na gira, jogo de ronda e lundu Onde a escola de vida é zungu, fui risco iminente O alvo que a bala insiste em achar Lamento informar… um sobrevivente Meu som por você criticado Sempre censurado pela burguesia Tomou a cidade de assalto E hoje no asfalto a moda é ser cria Quer imitar meu riscado, descolorir o cabelo Bater cabeça no meu terreiro É de arerê, força de matamba É dela o trono onde reina o samba Sou a voz do gueto, dona das multidões Matriarca das paixões, mangueira O povo banto que floresce nas vielas Orgulho de ser favela
Unidos do Viradouro
A escola, em 2025, terá o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”.
Acenda tudo que for de acender, Deixa a fumaça entrar, Sobô nirê mafá, sobô nirê, Evoco, desperto, nação coroada, Não temo inimigo, Calopo na estrada, a noite é abrigo, Transbordo a revolta dos mais oprimidos, Eu sou caboclo da mata do catucá, Eu sou pavor contra tirania, Das matas, o encantado, Cachimbo já foi facão amolado, Salve malungueiro, juremá. Ê juremeiro, curandeiro oh! Vinho da erva sagrada, eu viro num gole só, Catiço sustenta o zeloso guardião, Capangueiro da jurema, Não mexe comigo não. Entre a vida e a morte, encantarias, Nas veredas da encruza, proteção, O estandarte da sorte é quem me guia, Alumia minha procissão, No parlamento das tramas, Para os quilombos modernos, A quem do mal se proclama, Levo do céu pro inferno, Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado, Kaô, consagrado, Reis malunguinho encarnado, Pernambucano, mensageiro, bravio. O rei da mata que mata quem mata o Brasil. A chave do cativeiro, virado no exu trunqueiro, Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó, Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo, Porque nunca ando só.
Unidos da Tijuca
O samba-enredo da Unidos da Tijuca para o Carnaval no Rio de Janeiro de 2025 é “Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita”.
Reflete o espelho… Orisun Nas águas de Oxum À luz de Orunmilá Magia que desaguou na ribeira E fez o caçador se encantar Sou eu, sou eu Príncipe nascido desse grande amor Herdeiro da bravura e da beleza É da minha natureza a dualidade e o fulgor De tudo que aprendi, o todo que reuni Fez imbatível a força do meu axé Com brilho imenso, desafio o consenso, inquieto e intenso Sou Logum Edé Oakofaê, odoiá Oakofaê, desbravei o mar Não ando sozinho montei no cavalo marinho Abri caminho pro povo de Ijexá E no rufar dos Ilus meu tambor A fé no Kale Bokum assentou A proteção de meus pais, ofás e abebés Sou a Tijuca e seus candomblés Um lindo leque se abriu, ori do meu pavilhão Amarelo ouro e azul pavão Orixá menino que velho respeita Recebi sentença de pai Oxalá Eu não descanso depois da missão cumprida A minha sina é recomeçar Logun edé Logum arô Logun edé loci loci Logun arô A juventude do Borel Desce o morro pra cantar em seu louvor
Imperatriz Leopoldinense
Para 2025, a escola Imperatriz Leopoldinense escolheu o enredo “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”
Vai começar o itan de Oxalá Segue o cortejo funfun pro senhor de Ifón, Babá Orinxalá, destina seu caminhar Ao reino do quarto Alafin de Oyó Alá, majestoso em branco marfim Consulta o ifá e assim No odú, o presságio cruel Negando a palavra do babalaô Soberano em seu trono, o senhor Vê o doce se tornar o fel Ofereça pra Exú… um ebó pra proteger Penitência de Exú, não se deixa arrefecer Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada É cancela fechada, é o fardo de dever Mas o dono do caminho não abranda Foi vinho de palma, dendê e carvão Sabão da costa pra lavar demanda E a montaria te leva à prisão O povo adoeceu, tristeza perdurou Nos sete anos de solidão Justiça maior é de meu pai Xangô No dendezeiro, a justiça verdadeira (Meu pai xangô mora no alto da pedreira) Onde o banho de abô pra purificar Desata o nó que ninguém pode amarrar Transborda axé no ibá e na quartinha Pra firmar tem acaçá, ebô e ladainha Oní sáà wúre! Awure awure! Quem governa esse terreiro ostenta seu adê Ijexá ao pai de todos os oris Rufam atabaques da Imperatriz
Acadêmicos do Salgueiro
O Salgueiro irá trazer para a avenida o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”.
Prepara o alguidar acende a vela Firma ponto ao sentinela, pede a benção pra vovô Faz a cruz e risca a pemba Que chegou exu pimenta e a falange de xangô Tem erva pra defumar, carrego o meu patua Adorei as almas que conduzem meu caminho Ê mojubá Marabo invoque a lua Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho Sou herança dos malês, bom mandingo e arisco Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia no tacho arruda e Alecrim ooo! Bala de chumbo contra toda covardia Tenho a fé que habita o sertão, de Lampião, o cangaceiro Feito moreno eu vou viver, mais de cem anos, no meu Salgueiro Sou espinho qual "fulô" de macambira Olho gordo não me alcança Ante o mal a pajelança pra curar Sempre há uma reza pra salvar O nó desata, liberdade pela mata E os mistérios do axé, meu candomblé Derruba o inimigo um por um Eu levo fé no poder do meu contra egum Salve Seu Zé, que alumia nosso morro Estende o chapéu a quem pede socorro Vermelho e branco no linho trajado Sou eu malandragem de corpo fechado Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá Quem tem medo de quiumba, não nasceu pra demandar Meu terreiro é a casa da mandinga Quem se mete com o salgueiro acerta as contas na curimba
Unidos de Vila Isabel
Vila Isabel irá apresentar um enredo sobre assombrações, chamado de “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”.
Embarque nesse trem da ilusão Não tenha medo de se entregar Pois nosso maquinista é capitão E comanda a multidão que vem lá do boulevard… O breu e o susto em meio a floresta Por entre os arbustos, quem se manifesta?… Cara feia pra mim é fome Vá de retro lobisomem, curupira sai pra lá. No clarão da lua cheia Margeando rio abaixo Ouço um canto de sereia Ê caboclo d’água Da água que me assombra A sombra da meia noite Foi-se a noite de luar Na tempestade, encantada é a gaiola Chora viola, pra alma penada sambar Nas redondezas credo em cruz ave maria Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia Silêncio… Ao som do último suspiro vai chegar A batucada suingada de vampiros Quando o apito anunciar…. Eu aprendi que desde os tempos de criança A minha vila sempre foi bicho papão Por isso, me encantei com esse feitiço Que hoje causa reboliço dentro desse caldeirão Solta o bicho minha vila dá um baile de alegria É o povo do samba virado na bruxaria Quanto mais eu rezo, quanto mais eu faço prece Mais assombração que aparece
Beija-flor de Nilópolis
A Beija-flor de Nilópolis irá trazer o enredo “Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”.
Kaô meu velho! Volta e me dá os caminhos Conduz outra vez meu destino Traz os ventos de Oyá Agô meu mestre Tua presença ainda está aqui Mesmo sem ver, eu posso sentir Faz Nilópolis cantar Desce o morro de Oyó Benedito e Catimbó O alabá Doum Traz o terço pra benzer E a cigana puerê Meu Exu De copo no palco, sandália rasteira No chão sagrado toda quinta-feira O brado no tambor, feitiço Brigou pela cor, catiço Coragem na fala sem temer a queda O dedo na cara, quem for contra reza Vencer o seu verbo Gênio do ouvido perfeito A trança nos versos Divino e humano em seu jeito Queria paz mas era bom na guerra Apitou em outras terras, viajou nas ilusões Deu voz à favela e a tantas gerações Eu vou seguir sem esquecer nossa jornada Emocionada, a baixada em redenção Chama João pra matar a saudade Vem comandar sua comunidade Óh Jakutá, o Cristo preto me fez quem eu sou Receba toda gratidão Obá, dessa nação nagô Da casa de Ogum, Xangô me guia Da casa de Ogum, Xangô me guia Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor Terreiro de Laíla meu griô
Paraíso do Tuiuti
A Escola Paraíso do Tuiuti escolheu o enredo “Quem Tem Medo de Xica Manicongo” para o carnaval carioca em 2025.
Só não venha me julgar, ô ô Pela boca que eu beijo Pela cor da minha blusa E a fé que eu professar Não venha me julgar Eu conheço o meu desejo Este dedo que acusa Não vai me fazer parar Faz tempo que eu digo não Ao velho discurso cristão Sou Manicongo Há duas cabeças em um coração São tantas e uma só Eu sou a transição Carrego dois mundos no ombro Vim Da África Mãe, eh-oh Mas se a vida é vã, eh-oh Mumunha Jimbanda me fiz Nganga é raiz Eu pego o touro na unha A bicha, invertida e vulgar A voz que calou o Cis tema A bruxa do conservador O prazer e a dor Fui pombogirar na Jurema Chama a Navalha, a da Praia e a Padilha As perseguidas na parada popular E a Mavambo reza na mesma cartilha Pra quem tem medo o meu povo vai gritar Eu travesti Estou no cruzo da esquina Pra enfrentar a chacina Que assim se faça Meu Tuiuti Que o Brasil da terra plana Tenha consciência humana Chica vive na fumaça Ê! Pajubá! Acuendá sem xoxá pra fazer fuzuê É Mojubá Põe marafo, fubá e dendê (pra Exu)
Portela
Em 2025, a Portela escolheu homenagear Milton Nascimento no seu enredo: “Cantar Será Buscar o Caminho Que Vai Dar no Sol – Uma Homenagem a Milton Nascimento”.
Manhã Alvorada das nossas lembranças Peito aberto, carrego esperança Do altar de São Sebastião Estou, onde a mãe do ouro me afaga E fiel abraçado à Águia Vou partir em procissão Na fé, que faz do artista entidade E sagrada as amizades Ardem vozes, mil tambores Nas mãos, girassóis na travessia Minh'alma em cantoria Vem a tarde, vão-se as dores Nessa estrada, é sonho, é poeira Passa o trem azul, sigo em paz Feito Rio, só me leva Pra Deus filho de Maria Tantos mares em um cais E as raízes se juntaram Na esquina uniram a nação Venceram as lutas que travavam Pra ver Zumbi no céu da canção Noite apaga o arrebol Num milagre ser farol E continuar Quem acredita na vida Não deixa de amar Dorme a maldade após o temporal Na bandeira a liberdade, vem Bituca triunfal Cheguei com meu povo, mesmo sentimento Onde Candeia é chama Brilha Milton Nascimento Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar Anjo negro é o Sol que faz a Portela cantar Anjo negro é o Sol na minha Portela
Mocidade Independente de Padre Miguel
O enredo de 2025 da Mocidade Independente de Padre Miguel é “Voltando Para o Futuro – Não Há Limites Pra Sonhar”.
O céu vai clarear Iluminar a zona oeste da cidade E Deus vai desfilar Pra ver o mago recriar a Mocidade A luz que nos chega da estrela primeira Nascida do pó no Cruzeiro do Sul Do plasma divino das mãos carpinteiras Ressurge Candeia no breu nesse azul Será que o limbo da imaginação Perverte a inteligência O homem com sua ambição Desconhece a razão, desatina a Ciência Será que há de ter carnaval, sem minha cadência? Com alas em tom digital No fim da existência Me diz afinal quem há de arcar com as consequências? Se a Mocidade sonhar No infinito escrever Versos a luz do luar, deixa! Quando o futuro voltar A juventude vai crer Que toda estrela pode renascer O verde adoecido da esperança Ofega sobre o leito da cobiça Quem vive pelo preço da cobrança Derrama sua lágrima postiça Fogo matando a floresta Bicho morrendo no cio Febre no pouco que resta Secam as águas do rio E a vida vai vivendo por um fio Naveguei No afã de me encontrar eu me emocionei Lembrei da corda bamba que atravessei São tantas as viradas desta vida A mão que faz a bomba se arrepende Faz o samba e aprende A se entregar de corpo e alma na avenida
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Foto destaque: Rio Carnaval