Last Updated: 10/02/2025Por Tags: , , ,

O carnaval já está chegando e, para quem quer chegar preparado na avenida, é importante já começar a ouvir os sambas-enredo das escolas de samba. 

Com 3 dias de desfiles do grupo especial, o carnaval do Rio de Janeiro deste ano será ainda maior!

Confira as letras dos sambas-enredo das escolas que fazem parte do Grupo Especial.

Acadêmicos do Grande Rio

O enredo de 2025 da escola Acadêmicos do Grande Rio é “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”.

Confira a letra do samba:

A Mina é cocoriô!

Feitiçaria parauara

A mesma lua da Turquia

Na travessia foi encantada

Maresia me guia sem medo

Pro banho de cheiro

Na “en-cruz-ilhada”, espuma do mar

Fez a flor do mururé desabrochar

Pororoca me leva… Pro fundo do igarapé

Se desvia da flecha, não se escancha em puraqué

Quem é de barro no igapó é Caruana

Boto assovia (oi) mãe d’agua dança!

Se a boiúna se agita… É banzeiro! Banzeiro!

Quatro contas, um cocar!

Salve a arara cantadeira!

Borboleta à espreita…

E a onça do Grão-Pará

Na curimba de babaçuê

Tem falange de ajuremados

A macaia codoense é macumba de outro lado

Venham ver as três princesas ‘baiando” no curimbó

É doutrina de santo rodando no meu carimbó!

E foi assim… Suas “espadas” têm as ervas da Jurema

Novos destinos no mesmo poema

E nos terreiros, perfume de patcholi

Acende a brasa do defumador

Pra um mestre batucar a sua fé

Noite de festa! Curió marajoara…

Protege Caxias nas águas de Nazaré!

É força de caboclo, vodun e orixá!

Meu povo faz a curva como faz na gira!

Chama Jarina, Herondina e Mariana

Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina!

Unidos do Padre Miguel

Para o carnaval do Rio de Janeiro de 2025, a escola irá levar o enredo “Egbé Iyá Nassô”.

Confira:

Awurê Obá kaô! Awurê Obá kaô!

Vila Vintém é terra de macumbeiro!

No meu Egbé governado por mulher

Iyá Nassô é rainha do candomblé!

Eiêô! Kaô kabesilê Babá Obá!

Couraça de fogo no orô do velho ajapá

A raça do povo do Alafin, e arde em mim

Rubro ventre de Oyó

Na escuridão nunca andarei só

Vovó dizia: Sangue de preto é mais forte que a travessia!

Saudade que invade!

Foi maré em tempestade

Sopra a ancestralidade no mar (ê rainha)

Preceito é herança sem martírio

Airá guarda seus filhos no ilê da Barroquinha

É a semente que a fé germinou, Iyá Adetá

O fruto que o axé cultivou, Iyá Akalá

Yiá Nassô, ê Babá Assika

Yiá Nassô, ê Babá Assika

Vou voltar mainha, eu vou

Vou voltar mainha, chore não

Que lá na Bahia

Xangô fez revolução

Oxê, a defesa da alma na palma da mão

No clã de Obatossi

Há bravura de Oxóssi no meu panteão

É d’Oxum o acalanto que guarda o otá

Do velho engenho, xirê que mantenho no meu caminhar

Toca o adarrum que meu orixá responde

Olorum, guia o boi vermelho seja onde for

Gira saia aiabá, traz as águas de Oxalá

Justiça de Ogodô, tambor guerreiro firma o alujá

Estação Primeira da Mangueira

A Mangueira irá trazer o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”.

Sou luanda e benguela

A dor que se rebela, morte e vida no oceano

Resistência quilombola dos pretos novos de angola

De cabinda, suburbano

Tronco forte em ribanceira, flor da terra de mangueira

Revel do santo cristo que condena

Mistério das kalungas ancestrais

Que o tempo revelou no cais

E fez do rio minha áfrica pequena

Ê, malungo, que bate tambor de congo

Faz macumba, dança jongo, ginga na capoeira

Ê, malungo, o samba estancou teu sangue

De verde e rosa renasce a nação de zambi

Bate folha pra benzer, pembelê, kaiango

Guia meu camutuê, mãe preta ensinou

Bate folha pra benzer, pembelê, kaiango

Sob a cruz do seu altar inquice incorporou

Forjado no arrepio da lei que me fez vadio

Liberto na senzala social

Malandro, arengueiro, marginal

Na gira, jogo de ronda e lundu

Onde a escola de vida é zungu, fui risco iminente

O alvo que a bala insiste em achar

Lamento informar… um sobrevivente

Meu som por você criticado

Sempre censurado pela burguesia

Tomou a cidade de assalto

E hoje no asfalto a moda é ser cria

Quer imitar meu riscado, descolorir o cabelo

Bater cabeça no meu terreiro

É de arerê, força de matamba

É dela o trono onde reina o samba

Sou a voz do gueto, dona das multidões

Matriarca das paixões, mangueira

O povo banto que floresce nas vielas

Orgulho de ser favela

Unidos do Viradouro

A escola, em 2025, terá o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”. 

Acenda tudo que for de acender,

Deixa a fumaça entrar,

Sobô nirê mafá, sobô nirê,

Evoco, desperto, nação coroada,

Não temo inimigo,

Calopo na estrada, a noite é abrigo,

Transbordo a revolta dos mais oprimidos,

Eu sou caboclo da mata do catucá,

Eu sou pavor contra tirania,

Das matas, o encantado,

Cachimbo já foi facão amolado,

Salve malungueiro, juremá.

Ê juremeiro, curandeiro oh!

Vinho da erva sagrada, eu viro num gole só,

Catiço sustenta o zeloso guardião,

Capangueiro da jurema,

Não mexe comigo não.

Entre a vida e a morte, encantarias,

Nas veredas da encruza, proteção,

O estandarte da sorte é quem me guia,

Alumia minha procissão,

No parlamento das tramas,

Para os quilombos modernos,

A quem do mal se proclama,

Levo do céu pro inferno,

Toca o alujá ligeiro, tem coco de gira pra ser invocado,

Kaô, consagrado,

Reis malunguinho encarnado,

Pernambucano, mensageiro, bravio.

O rei da mata que mata quem mata o Brasil.

A chave do cativeiro, virado no exu trunqueiro,

Viradouro é catimbó, Viradouro é catimbó,

Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo,

Porque nunca ando só.

Unidos da Tijuca

O samba-enredo da Unidos da Tijuca para o Carnaval no Rio de Janeiro de 2025 é “Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita”.

Reflete o espelho… Orisun

Nas águas de Oxum

À luz de Orunmilá

Magia que desaguou na ribeira

E fez o caçador se encantar

Sou eu, sou eu

Príncipe nascido desse grande amor

Herdeiro da bravura e da beleza

É da minha natureza a dualidade e o fulgor

De tudo que aprendi, o todo que reuni

Fez imbatível a força do meu axé

Com brilho imenso, desafio o consenso, inquieto e intenso

Sou Logum Edé

Oakofaê, odoiá

Oakofaê, desbravei o mar

Não ando sozinho montei no cavalo marinho

Abri caminho pro povo de Ijexá

E no rufar dos Ilus meu tambor

A fé no Kale Bokum assentou

A proteção de meus pais, ofás e abebés

Sou a Tijuca e seus candomblés

Um lindo leque se abriu, ori do meu pavilhão

Amarelo ouro e azul pavão

Orixá menino que velho respeita

Recebi sentença de pai Oxalá

Eu não descanso depois da missão cumprida

A minha sina é recomeçar

Logun edé

Logum arô

Logun edé loci loci Logun arô

A juventude do Borel

Desce o morro pra cantar em seu louvor

Imperatriz Leopoldinense

Para 2025, a escola Imperatriz Leopoldinense escolheu o enredo “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”

Vai começar o itan de Oxalá

Segue o cortejo funfun pro senhor de Ifón, Babá

Orinxalá, destina seu caminhar

Ao reino do quarto Alafin de Oyó

Alá, majestoso em branco marfim

Consulta o ifá e assim

No odú, o presságio cruel

Negando a palavra do babalaô

Soberano em seu trono, o senhor

Vê o doce se tornar o fel

Ofereça pra Exú… um ebó pra proteger

Penitência de Exú, não se deixa arrefecer

Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada

É cancela fechada, é o fardo de dever

Mas o dono do caminho não abranda

Foi vinho de palma, dendê e carvão

Sabão da costa pra lavar demanda

E a montaria te leva à prisão

O povo adoeceu, tristeza perdurou

Nos sete anos de solidão

Justiça maior é de meu pai Xangô

No dendezeiro, a justiça verdadeira

(Meu pai xangô mora no alto da pedreira)

Onde o banho de abô pra purificar

Desata o nó que ninguém pode amarrar

Transborda axé no ibá e na quartinha

Pra firmar tem acaçá, ebô e ladainha

Oní sáà wúre! Awure awure!

Quem governa esse terreiro ostenta seu adê

Ijexá ao pai de todos os oris

Rufam atabaques da Imperatriz

Acadêmicos do Salgueiro

O Salgueiro irá trazer para a avenida o enredo “Salgueiro de Corpo Fechado”.

Prepara o alguidar acende a vela

Firma ponto ao sentinela, pede a benção pra vovô

Faz a cruz e risca a pemba

Que chegou exu pimenta e a falange de xangô

Tem erva pra defumar, carrego o meu patua

Adorei as almas que conduzem meu caminho

Ê mojubá Marabo invoque a lua

Que o povo da encruza não vai me deixar sozinho

Sou herança dos malês, bom mandingo e arisco

Uso a pedra de corisco pra blindar meu dia a dia no tacho arruda e

Alecrim ooo!

Bala de chumbo contra toda covardia

Tenho a fé que habita o sertão, de Lampião, o cangaceiro

Feito moreno eu vou viver, mais de cem anos, no meu Salgueiro




Sou espinho qual "fulô" de macambira

Olho gordo não me alcança

Ante o mal a pajelança pra curar

Sempre há uma reza pra salvar

O nó desata, liberdade pela mata

E os mistérios do axé, meu candomblé

Derruba o inimigo um por um

Eu levo fé no poder do meu contra egum

Salve Seu Zé, que alumia nosso morro

Estende o chapéu a quem pede socorro

Vermelho e branco no linho trajado

Sou eu malandragem de corpo fechado

Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá

Quem tem medo de quiumba, não nasceu pra demandar

Meu terreiro é a casa da mandinga

Quem se mete com o salgueiro acerta as contas na curimba

Unidos de Vila Isabel

Vila Isabel irá apresentar um enredo sobre assombrações, chamado de “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”.

Embarque nesse trem da ilusão

Não tenha medo de se entregar

Pois nosso maquinista é capitão

E comanda a multidão que vem lá do boulevard…

O breu e o susto em meio a floresta

Por entre os arbustos, quem se manifesta?…

Cara feia pra mim é fome

Vá de retro lobisomem, curupira sai pra lá.

No clarão da lua cheia

Margeando rio abaixo

Ouço um canto de sereia

Ê caboclo d’água

Da água que me assombra

A sombra da meia noite

Foi-se a noite de luar

Na tempestade, encantada é a gaiola

Chora viola, pra alma penada sambar

Nas redondezas credo em cruz ave maria

Quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia

Silêncio…

Ao som do último suspiro vai chegar

A batucada suingada de vampiros

Quando o apito anunciar….

Eu aprendi que desde os tempos de criança

A minha vila sempre foi bicho papão

Por isso, me encantei com esse feitiço

Que hoje causa reboliço dentro desse caldeirão

Solta o bicho minha vila dá um baile de alegria

É o povo do samba virado na bruxaria

Quanto mais eu rezo, quanto mais eu faço prece

Mais assombração que aparece

Beija-flor de Nilópolis

A Beija-flor de Nilópolis irá trazer o enredo “Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”.

Kaô meu velho!

Volta e me dá os caminhos

Conduz outra vez meu destino

Traz os ventos de Oyá

Agô meu mestre

Tua presença ainda está aqui

Mesmo sem ver, eu posso sentir

Faz Nilópolis cantar

Desce o morro de Oyó

Benedito e Catimbó

O alabá Doum

Traz o terço pra benzer

E a cigana puerê

Meu Exu

De copo no palco, sandália rasteira

No chão sagrado toda quinta-feira

O brado no tambor, feitiço

Brigou pela cor, catiço

Coragem na fala sem temer a queda

O dedo na cara, quem for contra reza

Vencer o seu verbo

Gênio do ouvido perfeito

A trança nos versos

Divino e humano em seu jeito

Queria paz mas era bom na guerra

Apitou em outras terras, viajou nas ilusões

Deu voz à favela e a tantas gerações

Eu vou seguir sem esquecer nossa jornada

Emocionada, a baixada em redenção

Chama João pra matar a saudade

Vem comandar sua comunidade

Óh Jakutá, o Cristo preto me fez quem eu sou

Receba toda gratidão Obá, dessa nação nagô

Da casa de Ogum, Xangô me guia

Da casa de Ogum, Xangô me guia

Dobram atabaques no quilombo Beija-Flor

Terreiro de Laíla meu griô

Paraíso do Tuiuti

A Escola Paraíso do Tuiuti escolheu o enredo “Quem Tem Medo de Xica Manicongo” para o carnaval carioca em 2025.

Só não venha me julgar, ô ô

Pela boca que eu beijo

Pela cor da minha blusa

E a fé que eu professar

Não venha me julgar

Eu conheço o meu desejo

Este dedo que acusa

Não vai me fazer parar

Faz tempo que eu digo não

Ao velho discurso cristão

Sou Manicongo

Há duas cabeças em um coração

São tantas e uma só

Eu sou a transição

Carrego dois mundos no ombro

Vim Da África Mãe, eh-oh

Mas se a vida é vã, eh-oh

Mumunha

Jimbanda me fiz

Nganga é raiz

Eu pego o touro na unha

A bicha, invertida e vulgar

A voz que calou o Cis tema

A bruxa do conservador

O prazer e a dor

Fui pombogirar na Jurema

Chama a Navalha, a da Praia e a Padilha

As perseguidas na parada popular

E a Mavambo reza na mesma cartilha

Pra quem tem medo o meu povo vai gritar

Eu travesti

Estou no cruzo da esquina

Pra enfrentar a chacina

Que assim se faça

Meu Tuiuti

Que o Brasil da terra plana

Tenha consciência humana

Chica vive na fumaça

Ê! Pajubá!

Acuendá sem xoxá pra fazer fuzuê

É Mojubá

Põe marafo, fubá e dendê (pra Exu)

Portela

Em 2025, a Portela escolheu homenagear Milton Nascimento no seu enredo: “Cantar Será Buscar o Caminho Que Vai Dar no Sol – Uma Homenagem a Milton Nascimento”. 

Manhã

Alvorada das nossas lembranças

Peito aberto, carrego esperança

Do altar de São Sebastião

Estou, onde a mãe do ouro me afaga

E fiel abraçado à Águia

Vou partir em procissão

Na fé, que faz do artista entidade

E sagrada as amizades

Ardem vozes, mil tambores

Nas mãos, girassóis na travessia

Minh'alma em cantoria

Vem a tarde, vão-se as dores

Nessa estrada, é sonho, é poeira

Passa o trem azul, sigo em paz

Feito Rio, só me leva

Pra Deus filho de Maria

Tantos mares em um cais

E as raízes se juntaram

Na esquina uniram a nação

Venceram as lutas que travavam

Pra ver Zumbi no céu da canção

Noite apaga o arrebol

Num milagre ser farol

E continuar

Quem acredita na vida

Não deixa de amar

Dorme a maldade após o temporal

Na bandeira a liberdade, vem Bituca triunfal

Cheguei com meu povo, mesmo sentimento

Onde Candeia é chama

Brilha Milton Nascimento

Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar

Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar

Anjo negro é o Sol que faz a Portela cantar

Anjo negro é o Sol na minha Portela

Mocidade Independente de Padre Miguel

O enredo de 2025 da Mocidade Independente de Padre Miguel é “Voltando Para o Futuro – Não Há Limites Pra Sonhar”.

O céu vai clarear

Iluminar a zona oeste da cidade

E Deus vai desfilar

Pra ver o mago recriar a Mocidade

A luz que nos chega da estrela primeira

Nascida do pó no Cruzeiro do Sul

Do plasma divino das mãos carpinteiras

Ressurge Candeia no breu nesse azul

Será que o limbo da imaginação

Perverte a inteligência

O homem com sua ambição

Desconhece a razão, desatina a Ciência

Será que há de ter carnaval, sem minha cadência?

Com alas em tom digital

No fim da existência

Me diz afinal quem há de arcar com as consequências?

Se a Mocidade sonhar

No infinito escrever

Versos a luz do luar, deixa!

Quando o futuro voltar

A juventude vai crer

Que toda estrela pode renascer

O verde adoecido da esperança

Ofega sobre o leito da cobiça

Quem vive pelo preço da cobrança

Derrama sua lágrima postiça

Fogo matando a floresta

Bicho morrendo no cio

Febre no pouco que resta

Secam as águas do rio

E a vida vai vivendo por um fio

Naveguei

No afã de me encontrar eu me emocionei

Lembrei da corda bamba que atravessei

São tantas as viradas desta vida

A mão que faz a bomba se arrepende

Faz o samba e aprende

A se entregar de corpo e alma na avenida

Partiu curtir o carnaval no Rio de Janeiro?

Foto destaque: Rio Carnaval