Afroturismo carioca: confira um roteiro pela Pequena África
Explorar um roteiro da Pequena África é um verdadeiro mergulho na ancestralidade e cultura afro-brasileira. Com espaços de grande valor histórico e social, os locais são um símbolo do afroturismo, que não só destaca o legado cultural afro-brasileiro, mas também oferece ao visitante a chance de compreender a importância de reconhecer e valorizar as narrativas negras no contexto da história do Brasil.
Localizada na zona portuária do Rio, a Pequena África foi apontada pela revista TimeOut como uma das mais “descoladas” do mundo. O local foi o ponto de chegada de milhares de africanos escravizados e, ao longo dos anos, tornou-se um importante polo de resistência negra.
Sabendo da importância da Pequena África para gerar conscientização sobre o passado e promover o fortalecimento econômico das comunidades envolvidas, impactando, assim, em oportunidades de desenvolvimento sustentável, o Visit Rio separou um roteiro da Pequena África para você seguir e visitar pontos históricos e belíssimos da Cidade Maravilhosa. Confira!
Roteiro pela Pequena África: um mergulho nas raízes negras da Cidade Maravilhosa
Cais do Valongo
O Cais do Valongo é um dos lugares mais marcantes da história do Rio de Janeiro. O antigo porto, localizado na zona portuária da cidade, foi o principal ponto de desembarque de africanos escravizados nas Américas, entre 1811 e 1831.
Nesse período, cerca de um milhão de pessoas foram trazidas da África, arrancadas de suas famílias e forçadas a uma vida de trabalho brutal no Brasil. O Valongo era o principal ponto de comércio de escravizados no país e, infelizmente, também o símbolo de um dos maiores horrores da humanidade: a escravidão.
Após o fim do tráfico transatlântico, o Cais do Valongo foi literalmente enterrado e esquecido, uma tentativa de apagar essa mancha na história da cidade. Mas, durante as obras para as Olimpíadas de 2016 com o projeto “Porto Maravilha”, as escavações arqueológicas revelaram o sítio histórico.
Em 2017, a UNESCO reconheceu a importância do local e incluiu o Cais do Valongo na lista do Patrimônio Cultural Mundial, considerado o maior testemunho físico da chegada dos africanos ao continente americano.
Hoje, o local serve como um poderoso símbolo de memória, lembrança e reflexão sobre a herança africana e o devastador impacto da escravidão na história do Brasil. Vale a visita para relembrar a história.
Endereço: Av. Barão de Tefé – Saúde, Rio de Janeiro – RJ, 20220-460.
Pedra do Sal
Ao lado do Largo da Prainha, a icônica Pedra do Sal se destaca presente como um símbolo de resistência e ocupação negra no Rio de Janeiro. A história da presença afrodescendente na região é antiga, levando ao tempo em que negros e pobres habitavam as áreas mais baixas da cidade. Atualmente, esse espaço próximo ao porto e aos pés do Morro da Conceição é um local cheio de significado e cultura.
Historicamente, a Pedra do Sal era onde os carregamentos de sal, diretamente de navios, eram descarregados e quebrados. Foi nesse ambiente, nas casas de zungú e nas famosas “tias baianas”, que havia uma grande união de dança, religiosidade e festa, trazendo a cultura negra para sua identidade no Rio.
Foi nesse ambiente vibrante que o samba nasceu, e onde ainda hoje os descendentes dessas comunidades formam o Quilombo da Pedra do Sal, com direitos legítimos sobre a terra de seus ancestrais.
Hoje, a Pedra do Sal é famosa por suas rodas de samba, que acontecem de sexta a segunda, mas você também pode incluir o local na sua visita diurna para conhecer esse ponto importante da Pequena África no RJ!
Endereço: Rua Tia Ciata – Saúde, Rio de Janeiro
Largo de São Francisco da Prainha (Largo da Prainha)
Conhecido pelo seu polo gastronômico, com diversos locais apresentando o melhor da culinária afro-brasileira, e por ser o point da noite de diversos públicos, o Largo da Prainha tem um lado que poucos se dão conta: o valor histórico no contexto da Pequena África.
Se você já visitou o local, percebeu que há uma estátua de uma mulher nele. Ela é a estátua de Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. No início do século XX, Mercedes enfrentou o racismo da época, mas mesmo sem conseguir papeis de destaque, não desistiu.
Foi para os Estados Unidos, onde se especializou, e, ao voltar, fundou a primeira escola de dança afro-brasileira do Rio. Além disso, ela foi pioneira na criação das primeiras alas coreografadas nas escolas de samba. Sua trajetória grandiosa, agora está eternizada em uma estátua no Largo da Prainha.
Hoje, o Largo da Prainha é conhecido pelos seus bares, restaurantes e pelo samba que rola ali, tem até baile charme às vezes! É muita cultura envolvida!
Endereço: Largo São Francisco da Prainha – Saúde, Rio de Janeiro
Cemitério dos Pretos Novos (Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos – IPN)
O Cemitério dos Pretos Novos é um importante sítio arqueológico e memorial da história afro-brasileira no Rio de Janeiro. Descoberto em 1996 durante a reforma da casa da família Guimarães, o cemitério guarda restos mortais de africanos escravizados, além de artefatos do século XIX.
O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) é responsável por preservar esse espaço, oferecendo exposições de arte, oficinas culturais e visitas guiadas que promovem uma imersão na história da Pequena África.
Endereço: R. Pedro Ernesto, 32-34 – Gamboa, Rio de Janeiro
Museu da História e da Cultura Afro-brasileira (MUHCAB)
Recém-reformado e instalado no edifício histórico do antigo Colégio José Bonifácio, o Museu da História e da Cultura Afro-brasileira conta com um acervo de aproximadamente 2500 peças, incluindo pinturas, esculturas e fotografias.
O museu também exibe obras de artistas contemporâneos que apresentam o vínculo com a Pequena África. Fazendo parte da rede de museus da Secretaria Municipal de Cultura, o espaço ainda oferece tardes musicais acompanhadas pelos famosos quitutes vendidos pelas tradicionais baianas do acarajé.
Endereço: R. Pedro Ernesto, 80 – Gamboa, Rio de Janeiro
Casa da Tia Ciata
Para finalizar o seu roteiro Pequena África no RJ, você precisa conhecer a Casa da Tia Ciata, uma homenagem à matriarca do samba Hilária Batista de Almeida. O centro cultural é dedicado à sua memória e oferece uma exposição sobre sua trajetória, além de promover oficinas culturais e o tour “Caminhos da Tia Ciata”.
Essa experiência inclui visitas guiadas por locais históricos relacionados ao nascimento do samba, enriquecendo a vivência com tradições, religiosidade e, claro, muito samba.
Endereço: R. Camerino, 5 – Gamboa, Rio de Janeiro
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