Roberta Sudbrack tem uma carreira inigualável. Nenhuma formação gastronômica se parece com a dela. Ficou conhecida em Brasília vendendo cachorro quente na rua, com sua avó Iracema, sempre lembrada por ela. Depois disso, a chef autodidata foi convidada para trabalhar na cozinha do Palácio da Alvorada. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, ela foi a responsável tanto pela comida do dia a dia do presidente e seus familiares, bem como pelos eventos oficiais, com direito a preparar banquetes nos quais uma das premissas era explorar a gastronomia brasileira, suas tradições culinárias e ingredientes. Isso acabou se tornando uma marca de seu trabalho: a brasilidade.
A experiência deu origem ao livro “Uma Chef, Um Palácio” (lançado no fim de 2001), com histórias desse período, e algumas receitas. Quando publicou o seu primeiro livro, Sudbrack já era notícia por conta de sua atuação, cumprindo uma função inédita na Presidência da República.
Gaúcha de Porto Alegre, ela escolheu o Rio para seguir na carreira, quando foi convidada a comandar a cozinha do restaurante que ficava no térreo do antigo Caesar Park hotel, em Ipanema, e que tinha a proposta de apresentar a gastronomia brasileira de forma contemporânea.
Foi quando, em 2005, ela resolveu abrir o seu próprio restaurante, que levava o seu nome, no Jardim Botânico. A “casinha laranja”, como ficou conhecido o imóvel de dois andares na Avenida Lineu de Paula Machado, logo se tornou um dos restaurantes mais premiados do Brasil, apresentando uma cozinha de tons verde-amarelos ao mesmo tempo moderna e respeitosa em relação às tradições, e aos nossos ingredientes.
Ela desenvolveu ali menus degustação revolucionários, explorando a riqueza de nossa matéria-prima. Prestigiou o chuchu, e criou pratos lembrados até hoje, celebrando o quiabo, o milho e os alimentos orgânicos.
No Jardim Botânico ela conquistou todos os prêmios do mundo. Uma estrela Michelin, Latin America’s 50 Best, Época, Paladar, Veja Rio, Prazeres da Mesa, Gula, Folha de São Paulo, O Globo... Até que, em 2016, no apagar das luzes de um ano em que ela foi a cozinheira responsável pela alimentação da delegação brasileiros nos Jogos Olímpicos do Rio, Roberta Sudbrack fecha as portas do restaurante.
A razão era muito simples. Voltar às origens, fugir do que se chama de alta gastronomia, da briga por premiações, buscando assim uma cozinha mais fiel às tradições culinárias, às técnicas ancestrais e à cozinha de rua.
Assim nasceu, em 2018, o Sud, o Pássaro Verde, também no Jardim Botânico, na tranquila rua Visconde de Carandaí, um lugar discreto, sem letreiro na fachada, com uma cozinha que tem o vistoso forno a lenha, de barro, como elemento central. O calor do fogo dá origem a um menu que remete às fazendas, ao interior do Brasil, ao aconchego das comidinhas das nossas vovós, como sua Iracema.
Nesse mesmo processo de desconstrução e recriação, ela reabriu a sua Garagem da Roberta, que teve vida breve no Leblon, onde ela serve comida de rua tradicional, entre sanduíches e acepipes. Agora funcionando em Botafogo, o pequeno espaço é também como uma volta às origens. Não poderia faltar, é claro, o famoso SudDog: apenas baguete, linguiça apimentada, raclette e mostarda Dijon. Simples desse jeito, delicioso demais. Não tem nada igual: a Sudbrack é assim.
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