O Rudä, em Ipanema, mostra como a cozinha brasileira pode ser acolhedora e, ao mesmo tempo, sofisticada. Instalado em um casarão de 1920, o restaurante comandado pelo chef Danilo Parah te acolhe e te leva para uma viagem através dos sabores.

O salão é simpático, com mesas na calçada para quem prefere o burburinho das ruas do bairro. Mas são as varandas internas que me surpreenderam. Uma delas, corredor charmoso com mesas para dois e sofás; a outra, onde fiquei, é pequena, climatizada, com apenas duas mesas para grupos e lembra a varanda de uma casa de vó no interior

De início, a carta de drinques já despertou minha curiosidade, com combinações com seriguela e cambuci. Não estava bebendo no dia, mas recomendo se aventurar por ela.

O cardápio recém-modificado é atraente e cheio de boas opções. Comecei pela novidade: casquinha de siri servida em massa filo, crocante e delicada, que chegou fumegando e muito bem temperada. Dos clássicos, o carro-chefe é o crudo de atum curado, com creme de castanha defumada, gel de acerola e ponzu de tangerina. Uma explosão de sabores, leve e refrescante. A dupla de acarajé, numa versão mais delicada, com vatapá de camarão, creme de castanha defumada e vinagrete de tomate verde com toque sutil de dendê, fecha com sabor baiano.

Nos principais, o clássico que nunca saiu do menu: polvo com jambu, servido com massa fresca do dia e ricota da Fazenda Vermelha, um prato com ingredientes marcantes, mas que vem de forma sutil e equilibrada. Já a lagosta grelhada, criada para um festival da Frescatto, fez tanto sucesso que se tornou fixa, servida com spaghetti fresco, beurre blanc de capim-limão e gengibre, e finalizada com ovas, é uma opção tão leve e aromática, que te remete a um almoço à beira-mar. A vaca atolada fechou o percurso em Minas: costela prensada, suculenta e macia, servida com aipim também prensado e molho rôti apurado. O pesto de pancs, azeite de ervas e uma saladinha de agrião trazem frescor, equilibrando a potência do prato.

As sobremesas levam a assinatura do chef Thiago Pelonía, vencedor do "Que Seja Doce" e do Gastronomia Preta 2024. Fui na torta de queijo, com creme de queijo assado, compota de morango, picles e calda de goiaba, servida com sorvete de leite cru. Um doce complexo, com contraste de texturas, temperaturas e sabores. Surpreendente e acolhedora, como toda a minha visita ao Rudä.

Endereço: Rua Garcia D'Ávila 118 - Ipanema - Rio de Janeiro
Siga: @ruda.restaurante